23/02/2007

Vida e morte

Tenho um trabalho muitas vezes stressante e de desgaste a nível físico e mental… Sou Enfermeira. E ontem (ou seja hoje) em mais uma noite de trabalho, o turno começou logo da pior forma… Um doente complicado, que se estava a agravar, mesmo em risco de falecer... E lá foi contactado o médico de serviço, um médico de outra especialidade, feitas todas as rotinas da forma mais rápida possível. Enfim o normal!
Cerca de uma hora depois do turno ter começado, umas 23 horas, toca a descer com o doente de urgência para o bloco operatório, sempre a correr… Ninguém gosta quando uma situação com risco de vida surge, mas faz parte da nossa profissão e só podemos dar o nosso melhor e agir rapidamente!
Mas como que um presente vindo dos céus, estávamos a chegar ao bloco, e na entrada estava um recém nascido na sua caminha com uma saco de água quente, completamente lindo, rosadinho, com um pai totalmente babado a tirar as suas primeiras fotografias, antes que a enfermeira o levasse para o respectivo piso! Acho que nunca vi um recém-nascido tão lindo, geralmente nem são muito bonitinhos nos primeiros dias… Nunca mais me esqueço desta cena e vou me recordar dela sempre que pensar que a vida é muitas vezes injusta para algumas pessoas.. Além do mais, a vida apenas existe porque também existe a morte.
Tenho uma profissão em que nem sempre nos podemos levar pelos sentimentos, senão corríamos o risco de andar muitas vezes deprimidos, mas isso não significa, que quem trabalhe na área da saúde se torne insensível… Apenas que aprendemos a viver com o ambiente que nos rodeia e encaramos a vida, a doença e a morte de forma diferente... Não quer dizer que aceitamos a morte, pelo contrário, muitas vezes os enfermeiros são os piores doentes, pois sabemos muito bem o que nos pode acontecer….
Mas a mensagem que quero passar é que a vida é um milagre, e que devemos fazer tudo para sermos felizes enquanto podemos. Por muitas injustiças e tristezas que possam existir, simultaneamente existem muitas coisas maravilhosas! E são a estas que temos que nos “agarrar”!

19/10/06

1 comentário:

Duarte disse...

Apesar das minhas palavras não alcançarem a real dimensão do desgaste que a tua profissão envolve, penso que é daquelas actividades que, pela nobreza de lidar com a vida humana e suas imtermitências, deve ter um retorno de gratificação sem paralelo, sobretudo para os profissionais que a ela se dedicam com alma. Parece ser o teu caso. Bjs