10/01/2010

O dia do nosso casamento

Pediram-nos para escolhermos quatro fotos do nosso casamento e para redigirmos um texto com este tema, para a primeira edição da revista "Noivos Madeira", eis o resultado! Tou desejando ver a revista!!!


O dia começou bem cedo, acordámos juntos, o que já de si fugiu à tradição… começou então o nervoso miudinho… Depois, cada um seguiu para seu lado, felizmente para ambos, não havia nada para fazer à pressa antes do casamento, tudo estava devidamente encaminhado…
Como para todas as noivas, este é um dia VIP, os cuidados precedentes ao grande dia, o envolvimento de chocolate e todos os mimos… no dia bastou relaxar e aproveitar o rodopio de fotógrafos à volta a tentar captar a essência desses momentos… tudo estava tratado e decidido, restava aguardar… Claro que o noivo também teve direito ao seu momento, esteve a passear de descapotável antigo pelo Funchal com os fotógrafos atrás… não contávamos era quase darmos de caras um com o outro em plena Avenida, mas estávamos a uma distância segura e passou despercebido…
Depois foi a chegada à Quinta onde se realizou a cerimónia, mais uma vez passámos de raspão um pelo outro… a noiva foi para uma suite com uma cama de dossel altíssima… onde já estava o seu lindo vestido e bouquet de peónias cor-de-rosa à espera… perfeito! E mais uma sessão de fotos, o noivo na suite em frente, com o padrinho, tentando sentir-se calmo mas, olhando para o relógio, a sentir-se cada vez mais ansioso e curioso…. Aproximava-se o grande momento.
A noiva decidiu então matar a sua curiosidade e espreitar a sala de jantar, de ambiente minimalista, requintado, com o nosso cunho pessoal, desde os cartões, passando pelos marcadores de mesa com textos originais, tudo feito por nós… e até era uma boa ideia, não fosse o noivo ter tido a mesma ideia e a noiva acabar quase a esconder-se debaixo da mesa de honra… esse foi o momento mais próximo que tivemos para ver-nos antes da cerimónia.
Foi uma cerimónia civil, mas fizemos questão que tivesse tudo a que tem direito um casamento mas, em vez de ser a noiva a chegar atrasada foi o conservador e ela lá teve que esperar por ele no quarto, se conseguisse tinha roído as unhas das mãos, a sorte é que eram de gel…
Mas a sério, subir aquela alameda que leva ao miradouro onde se realizou a cerimónia foi um momento de êxtase para ambos, o noivo subiu calmamente, cumprimentando os convidados, sorrindo e agradecendo as presenças. A noiva, cinco minutos depois, de gancho dado, trémula e oscilante, de sorriso estampado, olhar brilhante sem conseguir parar a corrida louca dentro do seu peito. Todos queriam vê-la fazer aquele percurso ao som da música do violino… e o noivo teve mesmo que ficar à espera e ser o último a vê-la. Nunca conseguimos descrever na perfeição o que se passou connosco naquele momento. A noiva não viu nada da decoração do miradouro, que tanta questão tinha feito, nem organzas, nem flores, nada... (teve mesmo que esperar pelas fotografias), apenas tinha olhos para o noivo e apreciava aquele momento que tanto trabalho lhe tinha dado, o noivo, senhor da situação, controlou as suas emoções e deu àquele momento a calma necessária, foi um momento de felicidade única e indescritível, como o reencontro após uma longa separação, finalmente juntos…
O sim foi o culminar de imensas emoções, o sentimento predominante para além do amor, é a esperança num futuro de felicidade, não felicidade fácil, mas felicidade com luta e dedicação constantes. O ponto alto foi sem dúvida a troca de votos, a noiva em primeiro lugar, ao som de acordes de violino, os olhos marejados de lágrimas contidas, sempre cedeu à tentação e não chorou. O noivo, porque homem também chora, passou pelo mesmo e quase vertia uma lágrima contudo, também se conteve. Mas o que mais nos impressionou foram as lágrimas que os nossos convidados não conseguiram deixar de verter, nunca tínhamos visto algo assim, sabíamos que era um momento extremamente romântico e que, principalmente as senhoras iriam deixar-se emocionar… mas não é verdade, os senhores também não fugiram à regra. O único senão deste momento é que o tínhamos idealizado terminando com a assinatura dos nossos votos por ambos e pelos padrinhos, eis que o Conservador volta a atacar e foge do local com a nossa caneta especial (foi detectado no Porto Santo pela judiciária 2 dias depois).
O resultado final foi o que pretendíamos, um cenário idílico de romance e amor, um ambiente criado não só pelos nossos preparativos, mas acima de tudo por aquilo que conseguimos despertar nos que nos acompanharam.
Mais fotos, mais momentos, muita alegria e boa disposição, ai as fotos artísticas que fizemos… numa delas quase acabávamos dentro da água… é das nossas favoritas…
Na festa, como fizemos questão tudo teve o nosso cunho pessoal, era o nosso casamento, embora tivéssemos contado com uma ajuda preciosa nos momentos de crise, quando estávamos “perdidos” nas nossas opções.
A primeira música foi outro momento no qual os nossos corações pulsaram mais forte, a música ao som da qual demos o nosso primeiro beijo! Tudo correu como planeado, entre amigos e familiares, num ambiente descontraído e de alegria.
O nosso dia, realmente muito especial… O dia de uma princesa com o seu príncipe, no nosso caso, de uma Flor de Lótus com o seu Sol.
Assim começamos uma viagem inigualável, sem destino garantido, sem prazos e sem garantias... uma viagem a dois, uma procura incessante de carinho, calor, compreensão, paciência e amor. Na lua-de-mel Veneza... depois a vida...

Cláudia & Filipe

09/01/2010

O Amor não se Pode Definir

O amor não se pode definir; e talvez que esta seja a sua melhor definição. Sendo em nós limitado o modo de explicar, é infinito o modo de sentir; por isso nem tudo o que se sabe sentir, se sabe dizer: o gosto, e a dor, não se podem reduzir a palavras. O amor não só tem ocupado, e há-de ocupar o coração dos homens, mas também os seus discursos; porém por mais que a imaginação se esforce, tudo o que produzir a respeito do amor, são átomos.
Os que amam não têm livre o espírito para dizerem o que sentem; e sempre acham que o que sentem é mais do que o que dizem; o mesmo amor entorpece a ideia e lhes serve de embaraço: os que não amam, mal podem discorrer sobre uma impressão, que ignoram; os que amaram são como a cinza fria, donde só se reconhece o efeito da chama, e não a sua natureza; ou também como o cometa, que depois de girar a esfera, sem deixar vestígio algum, desaparece. ´

Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'