01/06/2007

Envelhecer

Penso que não é apenas na adolescência que procuramos incessantemente a resposta a questões como: “Quem sou eu?”, “ Porque sou assim?”, “Que faço aqui?”, “Que será de mim?”, “Que se passa com o meu corpo?”.
Eu sinceramente acho que não tive esta fase muito marcada na minha adolescência… Principalmente na última questão, penso que em relação ao corpo e ao aspecto preocupa-me é o meu futuro… Envelhecer… Para mim é quase “degradante”… Lamento a escolha da palavra… Ás vezes ponho-me a observar as idosas, velhinhas, gerontes, ou terceira idade, como os quiserem chamar e ponho-me a pensar que elas já foram como eu ou pelo menos de certeza que já foram novas, sem rugas, sem “aquela” expressão no olhar… Tento adivinhar como se sentem em relação à sua imagem, à sua vida, aos seus sentimentos, aos seus sonhos… Será que com setenta anos ainda vale apena sonhar? E com oitenta?
Penso que nesta fase da vida, deve ser doloroso olhar para o passado e se aperceber, tardiamente, que não deixamos nada de relevante, ou que ninguém irá perpetuar a nossa memória… Pensar que as nossas fotos, serão guardadas num armário “mofento”, na melhor das hipóteses, e quando alguém perguntar: “Quem era esta senhora com esta roupa esquisita?”, o que será que vão responder?
E as coisas que tanto estimamos, as recordações guardadas, quem irá velar por elas…
Interessante os sinónimos da palavra envelhecer: Apagar-se, Caducar, Obliterar-se, Embranquecer, Branquear…
Outro pormenor que me incomoda é a perda de dependência, isto visto por uma pessoa que nunca quis depender de ninguém, mói um pouco no espírito… A perda de capacidades, de afectos, das pessoas que conhecemos e gostamos…. Esta sensação é exacerbada pelo que me deparo no meu dia a dia.
Uma professora uma vez disse-me que só se apercebeu da iminência da morte, quando as colegas de curso dela, começaram a morrer, por alguma doença ou outro motivo, até que foi a vez dela ficar doente, mas felizmente ultrapassou-o! Dá que pensar!
Por outro lado, gosto de ver aquelas velhotas, e não uso este termo num sentido depreciativo, todas pipis, muito arranjadinhas, de preferência com o seu velhote ao lado! Nesta idade já não se ameaça de rolo-de-massa mas sim de bengala… E penso que, se chegar à minha terceira idade, também hei de ser assim…
Que as nossas rugas sejam sinal de uma vida bem vivida!

3 comentários:

Unknown disse...

Agora tou a pensar que este foi um artigo esquisito para se escrever no Dia da Criança...

Luís Filipe disse...

O nascer e o morrer são apenas duas etapas no longo processo que é o envelhecer...a única certeza que temos na vida é exactamente a de que vamos, inevitavelmente, morrer.
O importante é realmente o que faremos com o nosso tempo entre o nascer e o morrer.
As rugas deveriam ser, em última análise o reflexo de uma vida bem vivida, mas não o são. São, essencialmente, o reflexo das pedras que encontramos ao longo do percurso, daquelas que conseguimos contornar, daquelas que conseguimos saltar e...as mais importantes, aquelas que nos obrigam a parar e procurar outra passagem.
Neste dia da criança falar em morte e velhice não é propriamente a melhor escolha, no entanto, acho que este blog é o reflexo de alguém e não se compadece por uma questão de datas...rege-se por questões de sentimentos... e todos nós somos diferentes uns dos outros.
Espero, sinceramente, as as nossas rugas sejam as de uma vida bem vivida, quanto à bengala... bem, acho que posso dispensá-la...

Anónimo disse...

lol

as crianças tb ficam velhinhas :P*