24/10/2009

Ambiciosoa

Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar...

Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar...
Quantas panteras barbáras mataram
Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? Quando eu sonho o amor
De um Deus!...

Florbela Espanca
Charneca em Flor