03/06/2008

Tic Tac

“Já há algum tempo não sentia esta necessidade inadiável de fugir, recorrer ao meu refúgio, mesmo de dentro do carro, o mar… E aqui estou eu nos Reis Magos, num desassossego do qual não tinha saudades.
Tenho chorado demasiado ultimamente, não me relembro no meu passado de ser assim no passado, não sei se deve-se à situação actual, ou se simplesmente estou a ficar hipersensível aos estímulos externos. Parece que já nem na escrita encontro liberdade para os meus pensamentos, sentimentos, ou para as minhas dúvidas…
Nem quando me esforço, de boa vontade, parece que acerto. Tudo ferve em água fria.
Tic Tac, Tic Tac… Até quando esta angústia? Não me apetece ir para casa, não me apetece ir para lado nenhum, mas aqui não posso ficar.
Quando as inseguranças eram outras tudo parecia mais fácil, ou pelo menos o fazíamos parecer. Tudo parecia mais suportável, as ameaças vinham de fora, nunca de nós…
Tic Tac, Tic Tac, por vezes é difícil distinguir o que é real do que é fruto do meu subconsciente…
Agora, raramente me sinto em chão firme, tenho que andar pé ante pé, tentando a todo o custo evitar os abismos sem retorno. Mesmo com tudo o cuidado, tropeço, e, parece que nada do que eu faço é suficiente. E o que me resta são silêncios, omissões, interrogações…
Eu continuo exactamente a mesma pessoa para mim, para ti é que talvez não… Talvez tenha mudado aos teus olhos, contudo sou sempre eu própria."

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