24/08/2007

Viver

Parece que tenho andado a ler demais e tenho me esquecido de que a vida é realidade, não sonho, é dura, não de algodão, tem espinhos e não apenas rosas... Tenho me esquecido...
Não existe nada perfeito, nada a 100%, nada cor-de-rosa, não existe...
Tenho me esquecido... E gosto quando me esqueço, até voltar a tropeçar do meu sono leve e despertar para a realidade...

Somente


Mas eu queria…
Que existissem finais felizes,
Castelos Longínquos,
Príncipes Encantados,
Queria Acreditar…

Mas eu queria…
Poder voar entre as nuvens,
Viver num Conto de Fadas,
Amar e ser Amada Plenamente,
Queria Acreditar…

Mas eu queria…
Não temer o futuro,
Não ter que me enclausurar,
Não ter saudades,
Queria Acreditar…

Mas eu queria…
Que a Terra brilhasse mais do que o Sol,
Que os sonhos fossem palpáveis,
Que resultasse,
Queria Acreditar…

Mas eu queria…
Queria…
Somente…
Acreditar…

19/08/2007

Flor de Lótus por Tagore


No dia em que a flor de lótus desabrochou

A minha mente vagava, e eu não a percebi.

Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.

Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.

Acordei do meu sonho sentindo o doce rasto

De um perfume no vento sul.

Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.

Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.

Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim

Que ela era minha, e que essa perfeita doçura

Tinha desabrochado no fundo do meu coração.


Rabindranath Tagore

16/08/2007

Personagem

Por vezes, gostaria de ser personagem principal de um livro, viver segura nas linhas de um história com final bem definido. Ondular por entre as páginas, correr por entre as linhas, sem encontrar entrelinhas… Palavra por palavra, tudo preto no branco.
Reencarnar vezes sem conta a mesma personagem, a mesma narrativa, sempre com o mesmo final, sem correr riscos, sem dubiedades, sem reviravoltas…
Cavalgar por entre as páginas de um bela história, com um final feliz…
Sem medo de encontrar páginas em branco, sem medo de que as páginas fiquem por escrever, perdida em recordações do que já foi… Do que já não é, do que nunca será…
Viver num mundo de fantasia, de lugares encantados, de finais felizes para todo o sempre…
Pois na realidade, às vezes por mais que corramos, os nossos sonhos estão sempre um ínfimo passo à nossa frente…
Contudo tenho que me contentar com esta existência, com este mundo de luta constante… E ainda assim, ser feliz!